quarta-feira, 3 de novembro de 2010

CORREIO DO TEMPO - BENEDETTI, MARIO (turma A - manhã)


Em sua obra é retratada uma série de contos. São narrativas de fatos paralelos, dentro de uma analogia onde há uma abordagem vigorosa sobre os sentimentos.
Sejam estes, vivenciados por crianças, jovens, casais separados, namorados, grupo de amigos, pessoas distantes, desaparecidas, fantasmas, entre outros.
Cada um com sua problemática, um conjunto de personagens com seus respectivos universos e formas de pensar.
Situações vividas por nós mesmos, porém apresentadas de uma forma única, onde a alegria, tristeza, surpresa, raiva, vingança, mortes e injustiças podem aparecer no momento mais inesperado.

Cada história é uma peça de um quebra cabeça de sentimentos.
E como são relatos ficcionais, provocam muita curiosidade e, além disso, estimulam a imaginação do leitor.
O livro em si passa tranquilidade, e nos faz pensar em cores neutras, tons pastéis, cheiros suaves e um sentimento de saudade e solidão.







Fotos Erica Perfeito/ Otávio Dornadeli

Com a leitura dos contos passamos até a prestar mais atenção com o que nos acontece, dos mais diversos tipos de lembranças, das pessoas que amamos, que estão longe, desses fragmentos de alegrias e tristezas, afetos e desafetos, mortes, vidas que nascem, o tempo, o que pode acontecer com qualquer pessoa, em qualquer momento.

Por Otávio Dornadeli Rosseli

O autor

Mario Benedetti nasceu em setembro de 1920, em Paso de los Toros, Uruguai.
Trabalhou como vendedor, taquígrafo, contador, funcionário público e jornalista.
Entre 1938 e 1945, morou em Buenos Aires. Ao retornar a Montevidéu, passou a trabalhar no semanário Marcha.
Nesse mesmo ano, publicou o primeiro livro de poesias, La víspera indeleble. Em 1959, com o lançamento do livro de contos Montevideanos, consagrou-se como escritor.
Por questões políticas, abandonou o Uruguai em 1973. Nos 12 anos de exílio, morou na Argentina, Peru, Cuba e Espanha.
Dono de uma vasta obra, traduzida em todo o mundo, Benedetti é considerado um dos principais autores latino-americanos da atualidade. Dele, a Alfaguara publicou A trégua, seu romance mais famoso.

Benedetti, Mário / Correio do tempo; tradução Rubia Prates Goldoni. – Rio de Janeiro: Objetiva, 2007.Editora Alfaguara

Correio do Tempo



No correio do tempo se acumulam
A paixão desolada/ o gozo trêmulo
E lá ficam esperando seu destino
A paz involuntária da infância/
há um enigma no correio do tempo
uma aldrava de queixas e candores
um dossiê de angústia/promissória
com todos os valores declarados

No correio do tempo há alegrias
Que ninguém vai exigir/ que ninguém nunca
retirará/ e acabarão murchas
suspirando o sabor da intempérie
e no entanto/ do correio do tempo
sairão logo cartas voadoras
dispostas a fincar-se em algum sonho
onde aguardem os sustos do acaso


A Solidão



“Se eu me sinto solitário? Em parte, sim, porque perdi meus pais e meus irmãos todos. Nós éramos seis irmãos. E, em parte, porque perdi também amigos da minha mocidade, como Pedro Nava, Mílton Campos, Emílio Moura, Rodrigo Melo Franco de Andrade, Gustavo Capanema e outros que faziam parte da minha vida anterior, a mais profunda. Isso me dá um sentimento de solidão.



Por outro lado, a solidão em si é muito relativa. Uma pessoa que tem hábitos intelectuais ou artísticos, uma pessoa que gosta de música, uma pessoa que gosta de ler nunca está sozinha. Ela terá sempre uma companhia: a companhia imensa de todos os artistas, todos os escritores que ela ama, ao longo dos séculos”.



“Precisava de um amigo/ desses calados, distantes,/ que lêem verso de Horácio/ mas secretamente influem/ na vida, no amor, na carne/ Estou só, não tenho amigo/ E a essa hora tardia/ como procurar um amigo?” (A bruxa - trecho)

Carlos Drummond de Andrade

CORREIO DO TEMPO
Autor: BENEDETTI, MARIO
GRUPO: Erica I. Perfeito, Otávio Dornadeli

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