segunda-feira, 12 de abril de 2010

Amar, Verbo Intransitivo de Mário de Andrade

Marcio Bonato, Natália Cardoso e Nathalia Marques - Turma A - Noite.



Croqui selecionadoConstruções Imagéticas
Nathalia Marques.
Natália Cardoso.
Marcio Bonato.

Resenha de Amar, verbo intransitivo.

Amar, verbo intransitivo, romance de Mário de Andrade escrito em 1927 faz parte do movimento Modernista. Na obra o autor faz uma critica inegável à burguesia da época, ao comportamento do novo rico que acha que o dinheiro pode ser a solução para tudo, são ricos que ainda não tem estrutura para merecer seu presente status.
A história é temporal, o narrador é o própio escritor, que narra todas as situações de forma como se fosse para ser ouvido e não lido. A obra não é dividida em capítulos, mas há espaços maiores entre os trechos que subentendesse essa divisão. Uma coisa curiosa é que Mário de Andrade escreve a palavra fim, mas continua com a história, mostrando a vida dos protagonistas depois do fim do idílio entre os dois; outra coisa é que é o própio autor que classifica o romance como idílio, que significa pequena poesia campestre ou amor poético e suave.
O romance conta a história da iniciação sexual do protagonista Carlos Alberto, filho de Felisberto Souza Costa e D. Laura. Felisberto preocupado em prepará-lo para todas as situações da vida e sendo o único herdeiro homem da família, contrata uma profissional para esta função, chamada Elza e conhecida como Fräulein, palavra alemã, que significa senhora ou professora. O grande medo de Felisberto S. Costa era que o seu filho tivesse a iniciação sexual em um prostibulo podendo ser explorado pelas prostitutas ou até se tornar viciado por influencia delas. Fräulein entra no lar burguês de Higienópolis para ser governanta e ensinar alemão aos quatro filhos do casal. Sendo maquiada de forma hipócrita toda essa situação no lar burguês. Pode-se afirmar que a intenção do chefe de família foi disposta ao fracasso, pois Carlos não era virgen. Ele havia tido sua primeira experiência sexual no Ipiranga, em meio a farra de seus amigos, com uma prostituta. Mas fora um ato mecânico, seco, pressionado pelos amigos.
Fräulein quer ensinar o amor em sua forma tranquila, sem descontroles, sem paixões. Por mais que Elza se apresente sedutora nos momentos em que os dois ficam sozinhos na biblioteca estudando alemão, o garoto não percebe as intenções dela.
Com o passar do tempo e da convivência brota o interesse do menino por ela. É algo que não se revela em primeira instância. Começa com o interesse que o garoto tem repentinamente por tudo que se refere a Alemanha, acelerando até o conhecimento da língua.
A mãe, alheia ao que estava acontecendo, estranha o apego do filho à mestra e vai conversar com a alemã, ingenuamente preocupada com a possibilidade de o menino fazer besteira, sendo assim toda a situação é revelada para D. Laura.
O contato corporal se torna mais intenso, o que assusta Carlos. Medo e desejo. Delicadamente Fräulein vence. Em pouco tempo a iniciação sexual torna-se afetiva. Os dois acabam assumindo uma cumplicidade gostosa, o que indica o amadurecimento de Carlos. É uma situação preocupante, pois Fräulein acaba se envolvendo.
Preocupada em não perder o controle da situação, decide acelerar o término da sua tarefa. Que tudo termine de forma dramática, era assim que o pai do menino queria. Acerta com Souza Costa um flagrante. Finalizando sua lição.
Tempos depois é carnaval. Em meio a folia de rua, Elza localiza Carlos e chama a sua atenção. O rapaz a cumprimenta formalmente. Estava ocupado em curtir a garota que lhe faz companhia. Fräulein tem uma mistura de emoções. O rapaz, depois de tudo que ocorreu mostrou-se frio.
O amor intransitivamente ou indiretamente é amar não se importando com o objeto ou quem seja. É como se quisesse ensinar que o mais importante é aprender a amar intransitivamente para depois poder amar alguém transitivamente ou diretamente.
A partir daqui podemos fazer as seguintes perguntas: por que intransitivo, se amar é verbo transitivo? Sera que o autor quis nos mostrar, então, como é esse amor intransitivo? O amor intransitivo seria apenas um amor carnal, sem complemento, sem compromisso, diferente do amor transitivo onde se contrói um relacionamento seja ele qual for. Mas, será mesmo que é possivel esse amor intransitivo? Podemos perceber no fim do romance que Fräulein sente-se abalada quando percebe a indiferença de Carlos, Fräulein mesmo mostrando-se forte e profissional parece que saiu machucada desse "relacionamento".
O livro ainda nos leva a viajar pelas ruas de São Paulo, imaginando sua estrutura nos anos 20 e também a forma como as pessoas se vestiam. O que se torna material valioso para ós, podendo usar toda a influência de uma época aliada aos movimentos importantes que ocorreram como um meio para alcançarmos a proposta do trabalho.
Mas, sem dúvida, aqui a questão mais importante é o amor e suas formas diretas ou indiretas. O amor é uma troca: de carinho, afeto, energia, experiências. Você deixa um pouco de você e leva um pouco do outro. Ficam as lembranças, uma amizade, ódio ou a indiferença. É algo dificil de construir, mas muito fácil de desconstruir. O amor transitivo ou intransitivo depende então do relacionamento que cada um constrói?
Mário Raul de Morais Andrade (1893 - 1945) nasceu em São Paulo, cidade que amou intensamente e que retratou em várias de suas obras. Estudou música no Conservatório musical de São Paulo e cedo iniciou sua carreira como crítico de arte em jornais e revistas. Com apenas 20 anos e com o pseudônimo de Mário Sobral, publicou seu primeiro livro Há uma gota de sangue em cada poema, no qual fazia criticas a carnificina produzida pela primeira Guerra Mundial e defendia a paz. As inovações formais da obra desagradavam os críticos de orientação parnasiana.
O autor teve papel decisivo na implantação do modernismo no Brasil. Homem de vasta cultura, pesquisador paciente, Mario soube dar a substância teórica de que necessitava o movimento em algumas ocasiões decisivas.
Autor de uma frase como "o passado é lição para se meditar e não para se reproduzir", o que mais impressiona em Mário de Andrade é a capacidade de conciliar, em plena euforia da "destruição" dos primeiros embates modernistas, as lições do passado e as conquistas do presente.
A atividade literária em prosa de Mário de Andrade foi ampla. O escritor ultivou o conto, com Primeiro andar (1926); a crônica, com Os filhos de Candinha (1945); o romance, com Amar, verbo intransitivo (1927); a rapsódia, com Macunaíma (1928).
Em quase todas essas obras se destaca a preocupação com a descoberta e a exploração de novas técnicas narrativas, e ao mesmo tempo com a sondagem do universo social e psicológico, fundada nas teorias de Freud.

Um comentário:

Unknown disse...

Agente arrasa sempre =)

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