domingo, 21 de março de 2010

Turma C, noite.

1968 - Meia Oito

68 (meia oito), romance escrito por autores de gerações distintas, o paulistano Flavio Braga e o baiano Luis Daltro. A obra retrata acontecimentos ocorridos no ano de 1968, através de histórias em sua maioria verídicas e que ao longo do livro interligam-se possibilitando a observação de diferentes pontos de vista.

Período marcado pela forte repressão e mudanças comportamentais, o mundo estava em estado de ebulição, por conta da ditadura militar, os protestos estudantis, a luta dos negros contra o racismo, o movimento hippie, o tropicalismo, uso excessivo de entorpecentes, libertação feminina e sexual. Ano que ficou conhecido como ´´o ano que abalou o mundo``, foi um período de muitas perdas, porém de conquistas sociais que refletem até hoje.

Os personagens transmitem todos os acontecimentos citados anteriormente de diferentes ópticas. Roberto Medeiros Vares proveniente de família tradicional e conservadora, recém formado em direito era indiferente em relação ao que acontecia, mas demonstrava mais simpatia pelos de direita, conhece Ava de Noronha Macedo estudante de filosofia, idealista, adepta aos novos comportamentos e totalmente de esquerda, eles se casam, mas a união não dá certo. Silvano Dantas de Jesus músico, compositor, questionador, tropicalista e totalmente contra a repressão. Rose Salvador casada com um carrasco, mãe de dois filhos, abandona sua casa em busca de sua felicidade.

Trata-se de um romance narrado em prosa, por narrador onisciente e personagem, em tempo histórico-cronológico. Personagens principais: Roberto, Ava, Rosa e Dantas, os secundários são: Dado, Teco, Érica, marido e filhos de Rosa.

O livro lido faz parte da terceira edição do projeto Moda e Literatura, que em 2010 tem como tema´´ Cidades Latino Americanas`` e enfocará a produção de escritores latino-americanos, que retratam a realidade urbana.

Flávio Braga

Paulistano, romancista e ensaísta com 12 livros publicados, é autor entre eles, de Sade em Sodoma e O que contei a Zvaiter sobre o sexo. Vive no Rio de Janeiro.

Luis Daltro

Baiano, formado em Letras UFBA e com mestrado na UCLA, Universidade da Calirfónia (EUA), com a tese 3 visões da contracultura. É músico e compositor. Autor do romance 7 dias no inferno, entre outros.







Bruna Coimbra, Caio Roque, Eliane Assis, Iasmin Souza.




Ciranda de Pedra


Ciranda de Pedra é um livro que fala principalmente de sentimentos, a Protagonista Virginia, quando menina era rejeitada por suas irmãs e seu pai, morando com sua mãe doente mental e seu padastro, ansiava morar com o pai, devido à pobreza com a qual convivia em casa e o luxo na mansão do pai; ao sair de casa para morar na mansão luxuosa, sua mãe morre, seu padastro se suicida, então descobre que seu padastro, era na verdade, seu verdadeiro pai. Assim, entendendo sua rejeição perante o pai que acreditava ser o verdadeiro, pede a ele que a interne num colégio de freiras onde vivera durante anos, quando regressa à sua casa e ao convívio da família, descobre que tudo mudou principalmente ela mesma, então todos os sentimentos da infância que lutou para esquecer vêm a tona, mas agora é diferente, porque ela é disputada por todos, só o pai que continua não conseguindo amá-la; À principio, ela gosta da sensação de estar sendo disputada , então se joga numa teia de falsidade e vadiagem, até que tem uma crise de consciência e decide ir para longe de todos, até mesmo quando descobre que seu amor platônico também a ama.

Virginia é a personagem principal, moça com sentimentos contraditórios e é por seus olhos que a história é narrada em terceira pessoa, mostrando assim, seu ponto de vista, os antagonistas são: Conrado, o ídolo de Virginia, seu amado é justo e sensível; Otávia, irmã do meio de Virginia, é bela, delicada e vulgar; Bruna é a irmã mais velha entre as três, tem traços e personalidade forte, é super religiosa; Afonso é um dos amigos de infância das meninas, é egocêntrico e acaba se casando com Bruna; Letícia é a irmã do Conrado, ela se apaixona por Virginia; Laura, mãe das três irmãs, tem graves problemas mentais e é inconstante; Daniel pai/padastro de Virginia, é marido de Laura a quem ama mais que tudo; Natércio, pai de Bruna e Otávia, também reconhecido como pai de Virginia, um homem calado e casmurro; Luciana, empregada da casa de Daniel e de Laura, ela ama Daniel profundamente; Frau Herta, governanta na casa de Natércio, dedica-se à Bruna e Otávia, principalmente à Otávia, até problemas de saúde à afastarem; Rogério, vizinho de Letícia, amante de Bruna, acaba apaixonando-se também por Virginia.

Ciranda de Pedra tem um ponto marcante, em sua maioria os personagens têm aparências diferentes e marcantes, dando assim, várias possibilidades, como unir o delicado e fino ao forte e denso, sabendo combinar os pontos fortes de cada personagem, é possível fazer uma combinação fazendo-a até criar uma identidade.

Esta obra tem pontos de referência de comportamento, tem uma pequena cartela de cores, inúmeros pontos de tato, cheiro, sons variados; seria possível criar à partir de trechos falando sobre o comportamento dos personagens, um look que lembre inocência, mas ao mesmo tempo, audácia, sutileza velada por um véu pouco transparente de uma delicadeza e aparência angelical, até meio infantil, tudo isso, disfarçando uma sensualidade à partir de desejos dos personagens.

Lygia Fagundes Telles - Biografia

Lygia Fagundes Telles, advogada, contista e romancista, nasceu em São Paulo, SP, em 19 de Abril de 1923. Eleita em 24 de Outubro de 1985, para a Cadeira 16, sucedendo a Pedro Calmon, foi recebida em 12 de Maio de 1987, pelo acadêmico Eduardo Portella.

Filha do magistrado Durval de Azevedo Fagundes e de Maria do Rosário de Azevedo Fagundes, passou a maior parte da infância em cidades do interior do Estado onde seu pai foi delegado e promotor público. Formou-se na Escola Superior de Educação Física e, a seguir, ingressou na Faculdade de Direito de São Paulo. Ali participou ativamente da vida literária universitária, integrando a comissão de redação de redação das revistas Arcádia e XI de Agosto.

Casou-se com o professor Gofredo da Silva Telles Junior. Desse casamento tem um filho Gofredo da Silva Telles, fundador da Cinemateca Brasileira, falecido em 1977.

Como funcionária pública, veio a ser Procuradora do Estado. Foi presidente da Fundação Cinemateca Brasileira em São Paulo durante quatro anos e também vice-presidente da União Brasileira de Escritores.

Começou a escrever contos ainda adolescente. Estava na Faculdade quando seu livro Praia Viva foi publicado em 1944.

Em 1949, seu volume de contos, O Cacto Vermelho, recebeu o Prêmio Afonso Arinos da Academia Brasileira de Letras. Mais tarde, porém, a autora rejeitou seus primeiros escritos, por considerá-los imaturos e precipitados.

Segundo o professor Antonio Candido Mendes, seu romance Ciranda de Pedra, publicado em 1954, seria o marco da sua maturidade intelectual. Sua obra tem merecido a melhor crítica no Brasil e no exterior, com livros publicados com grande sucesso. A presença de Lygia Fagundes Telles na vida literária brasileira é constante também pela sua participação em congressos, debates e seminários.

Pela sua obra literária recebeu diversos prêmios: Premio Afonso Arinos da Academia Brasileira de letras (1949); Premio do Instituto Nacional do Livro (1958); Premio Boa Leitura (1964); Premio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro (1965); Premio do I Concurso Nacional de Contos do Governo do Paraná (1968); Premio Guimarães Rosa as Fundepar (1972); Premio Coelho Neto da Academia Brasileira de Letras (1973); Premio Ficção, da Associação Paulista dos Críticos de Arte (1974 e 1980); Premio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro (1974); Premio do Pen Clube do Brasil (1977); Premio II Bienal Nestlé de Literatura Brasileira Contos (1984), e Premio Pedro Nava, o Melhor Livro do Ano (1989).









Bruna Lima Ritter, Camila Pinto Guedes, Kaismabelle Dantas, Jurema Simoes.


Prisão Perpétua

Ricardo Piglia nasceu em Adrogué, Buenos Aires em 1940. Conceituado escritor argentino publicou entre os textos de ficção: La invasión (contos, 1967), Nombre falso (contos, 1975), Respiración artificial (romance, 1980), Prisión perpetua (novelas, 1988), La ciudad ausente (romance, 1992) e Plata quemada (romance 1997). Os livros de não-ficção são Crítica y ficción (1986, com edição ampliada em 1990), Formas breves (2000), Tres propuestas para el próximo milenio (y cinco dificultades) (2001) e El último lector (2005). Compôs, em parceria com o músico Gerardo Gandini, a ópera que estreou em 1995 no Teatro Colón de Buenos Aires, La ciudad ausente, baseada em seu romance de mesmo nome. Em 1990, Alejandro Agresti dirigiu um longa metragem chamado Luba, partindo do livro Nombre falso. Em 1998, igualmente, Marcelo Piñeyro levou às telas a história de Plata quemada. Ricardo Piglia editou o Diccionario de la novela de Macedonio Fernández, de quem era muito fã, em 2000, organizou e prefaciou uma antologia de contos chamada Las fieras (1993). Cuentos con dos rostros (1992) é uma seleção de relatos e integra um projeto de difusão cultural dirigido pela Universidad Nacional Autónoma de México, sob os cuidados de Marco Antonio Campos. La Argentina en pedazos (1993) é uma compilação de ensaios introdutórios à literatura Argentina, originalmente preparados para as adaptações de textos literários da revista em quadrinhos Fierro. Cuentos Morales (1995) é uma antologia organizada por Piglia que reúne alguns de seus relatos, escritos entre 1961 e 1990.

A história de Prisão Perpetua começa a ser narrada na Argentina na década de 50, onde o autor relata as aventuras políticas de seu pai no período revolucionário nacionalista e democrático do país.

Em 1957, Ricardo Piglia e sua família mudam-se para a cidade de Mar Del Plata, um porto pesqueiro situado no centro leste do país onde tentam recomeçar a vida longe dos inimigos de Perón, que perturbam seu pai, um peronista convicto. Nada satisfeito com a mudança, Piglia começa a escrever um diário para fugir de sua realidade. Este período difícil da vida do autor é retratado no inicio do livro e serve de partida para sua iniciação ao mundo da narrativa. Mais tarde acaba conhecendo Steve Ratliff, um personagem de personalidade conturbada que serve de influencia a Piglia e o ensina a arte de narrar.

A obra de 1988 trata-se de uma novela que inclui seis contos e alguns episódios variados narrados por Pligia. Tais episódios são narrativas repletas de relatos históricos e fictícios, do gênero policial e sentimental. Pligia apresenta personagens perturbadores em uma trama que entrelaça várias histórias de crimes e loucura.

A obsessão de Ratliff por uma mulher casada que foi sua amante, e hoje está presa na Argentina, condenada pelo homicídio do marido, mostra a Piglia como sentimentos aterradores podem levar as pessoas a atos extremos, como o suicídio e o assassinato, ou até mesmo a auto-condenação a perpétua tormenta por um amor conturbado.

Piglia possuía uma grande paixão pelo ato de narrar novelas, que adquiriu com Ratliff, de quem ele ouviu muitos contos no decorrer de sua amizade, e essa é uma das características principais do livro.

No texto aparecem vários personagens de diversos contos, alguns o autor descreve dando ênfase a forma física (principalmente no caso das mulheres), mas a grande maioria é descrita de forma psicológica. As formas físicas descritas no livro são diversas, com uma preferência do autor a cabelos avermelhados, e as formas psicológicas apresentam um aspecto obscuro e inquietante.

Nessa história não existe necessariamente mocinhos e bandidos, todos são culpados do rumo de suas vidas. Até existe a rotulação de vítima e assassino (para os contos policiais), mas isso não reflete o conceito do livro.

O narrador, que no caso é o próprio autor, é o único personagem que aparece constantemente no livro, do início ao fim, os outros personagens passam de forma passageira no decorrer da história, mas isso não torna, necessariamente, Piglia o personagem principal, pois faz parte de seu papel narrar a vida dos outros e mal descrever a sua. Piglia narra histórias alheias justamente para suprir a falta de acontecimentos marcantes em sua vida.

Piglia se mostra como narrador-personagem intruso, ao relatar a vida dos outros e seu ponto de vista. Cada personagem é protagonista de sua própria vida e Piglia acaba aparecendo como coadjuvante de alguns contos, ou às vezes apenas como narrador.

O discurso de Piglia muitas vezes se mistura, às vezes é um discurso direto, e outras vezes se torna indireto, varia dependendo da necessidade do conto. A linguagem empregada no livro é rápida e de fácil compreensão, sem deixar de ser culta.

Assim como Piglia nos apresenta sua fascinação pela narrativa e a inquietante mente humana, propomos direcionar nossa pesquisa a fatores como: obsessão, loucura, assassinato, suicídio, distúrbios emocionais, sexo, álcool e comportamento autodestrutivo, demonstrando esse aspecto através de formas estranhas e agressivas, texturas que se opõem entre o liso e o áspero e cores obscuras.









Kátia Araujo, Ingrid Santos, Greissemeire, Bruna Manfré



Yolanda

Yolanda de Ataliba Nogueira Penteado nasceu em 1903 de uma família tradicional da aristocracia brasileira. Filha de Dona Guiomar e Seu Juvenal e com mais quatro irmãos mais velhos. Conviveu boa parte da sua infância na Fazenda Empyreo. Até que Dona Guiomar decidiu mudar-se para São Paulo com a família. Para a pequena Yolanda, uma menina que nasceu na fazenda, a mudança foi traumática.

Estudou em colégio interno, tomou aulas de piano. O tempo foi passando e Yolanda tornava-se uma mocinha e teve varias paixonites. Um dos seus primeiros admiradores foi Assis Chateaubriand, teve grande importância na vida de Yolanda, que o via apenas como um grande amigo. Casou-se com Jayme da Silva Telles com quem conviveu 13 anos juntos e passou grandes temporadas em Paris. Casou-se também com Ciccilo Matarazzo no México, juntos, organizaram a I Bienal de São Paulo, seu relacionamento com políticos também facilitaram a liberação de recursos necessários aos projetos. Houve um grande afeto pelo aviador Santos Dumont.

Apesar de sua paixão pela arte, Yolanda se tornou uma grande fazendeira, ainda mais depois do fim de seu casamento com o segundo marido. Passou a se dedicar também a grandes projetos: A Consolidação do Museu de Arte de São Paulo, o MASP, a implantação definitiva do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, e mais tarde foi doado grande parte da sua coleção. Depois de ver grandes amigos morrerem, Yolanda decide vender a Fazenda Empyreo e isola-se para escrever o livro de suas memórias ‘tudo em cor-de-rosa’. Morre aos 79 anos cremada, e atendendo seu pedido, as cinzas foram espalhadas na fazenda.

O Autor Antônio Bivar é Paulistano, porem cresceu no interior, estudou teatro no Rio de Janeiro e literatura na Inglaterra. Escreveu diversas peças onde muitas foram premiadas, há muito tempo vem escrevendo para revistas e jornais. Leitor compulsivo, tem uma certa preferência por biografias, memórias e romances.

Com ajuda de varias personalidades que passou na vida de Yolanda, Bivar descreve varias características dela no livro. Uma mulher tradicional, generosa, com tamanha elegância e vontade de viver, ela despertava muitos olhares, tanto masculinos quanto femininos, extremamente imprevisível: ‘ao mesmo tempo que podia viver apegada a uma coisa, de uma hora pra outra, sem o menor pudor se desapegava.’

E foi uma dessas que o grupo se identificou, Yolanda, alem de ser uma mulher tradicional, durante toda sua vida, vivia rodeada de homens, tanto algumas paixonites que iam e voltavam, tanto verdadeiros amigos que marcaram sua vida. Pensamos na criação de um ‘look’ masculino, porem usando um corpo feminino de acordo com suas atitudes, personalidades e conceitos. No caso, uma alfaiataria extremamente elegante.

Uma excelente narrativa, onde podemos conhecer a vida daquela ‘caipirinha’ que mais tarde se tornaria um grande símbolo e incentivo para a historia da Arte e das Bienais.

Jéssica Arruda, Patrícia, Bruna Rigamonte.



À margem da linha

O livro descreve a história de dois garotos, que saem para o “mundo afora” a procura de seu pai. Um já na adolescência e o outro um pouco mais novo, com dez anos de idade. O livro é narrado pelo irmão mais novo que enxerga o irmão mais velho como uma referência quase paterna na vida dele.

O irmão mais velho que é chamado por ele como “Mano”, e o lado mais enérgico, frio, porém compenetrado, aquele que tem sempre a palavra certa pra falar, interessado em saber o que haveria acontecido com o pai ele coloca uma meta a ser cumprida por eles, que é sempre seguir os trilhos do trem à procura do pai.

Nesta vasta caminhada eles passam por vários per causos, tormentas e alegrias como: ventos, chuvas e etc. Durante esta longa caminhada eles deparam com um garoto que sofre um acidente de bike, eles o socorrem e o levam para casa, lá encontram Adão (o caseiro), e sua esposa que dão abrigo aos dois. Encontram a oportunidade de tomar banho e se alimentar, e é quando o irmão mais novo começa a se lembrar da família que havia deixado, da comida preparada pela mana (irmã), das árvores, dos cheiros das frutas, e de como e bom ter uma família, e o carinho de todos de casa. Sendo ele ainda uma criança, ou seja, aquele que sempre respeitou a cabeça e vontades do mano, ele se depara pela primeira vez com uma ideia contraditória à do irmão. Decide então pegar o caminho de volta para casa, e o irmão mais velho segue em frente à margem da linha do trem a procura do pai.

O autor Paulo dos Santos Rodrigues nasceu em 1948, em São Paulo (SP). De origem humilde, entrou em contato com a literatura na adolescência, graças a uma biblioteca que sua família recebeu em doação. O autor coloca o irmão mais novo como narrador do livro, a história toda do livro se passa entre os dois irmãos; o mais velho e o irmão mais novo de 10 anos contracenando com pessoas e lugares por onde eles passam.

Cristiane Castro, Danielle Mingrone, Flávia Teodoro, Ingrid Emy


A Barcarola

A Barcarola livro de Pablo Neruda, representa o equilíbrio entre poema e plenitude, o livro é totalmente poético, baseado em circunstâncias que o autor mesmo viveu, paisagens, experiências e os amigos do passado que são pessoas que marcaram a historia latino- americana.

Neruda nasceu na cidade do Chile, então cita muitas vezes os lugares que conheceu ao longo de sua vida, nas páginas 19 e 21 ele o nomeia dois de seus poemas, ” La Chascona que significa a emaranhada e La Sebastiana ”, duas casas que construiu em Valparaiso logo após ser eleito senador e obtêm também o prêmio Nacional de Literatura, fato ocorrido em 1945.

Outra referência importante se encontra na página 49, onde o autor cita a cidade de Temuco, “Ele passeava em Boroa, Temuco com um charlatão agregado...”, ele viveu a maior parte de sua infância nesta cidade.

A Barcarola é um livro poético e que conta vários episódios de suas viagens, cada lugar que Neruda conhecia ele transformava imagens em poesias, contando de paisagens, lado político, mulheres, seus amigos e também até do Rei Pelé e sua passagem pelo Brasil.

Ao ler o livro é possível encontrar um lado de Neruda boêmio, e simples de ser, porém ele nos mostra uma preocupação com Chile, ele tem total devoção ao seu pais, tanto que ao passar dos anos Neruda vira senador de seu próprio pais amado.

O titulo do livro “A Barcarola “ é de uma musica chilena muito famosa na época, o próprio autor diz que a musica e o livro nos remete a recordações,ao passado.

A proposta do trabalho é poder transportar este mundo de poesia traduzida em um só modelo de roupa, uma roupa que traduz resumidamente toda a história do livro em um look de roupa, estamos usando de referência também às regiões litorâneas do Chile, por isso temos que ter certa conexão com a cor azul, uma roupa andrógena usando a técnica deep Day.

Para a elaboração de um look a partir da leitura desse livro, primeiramente é separado uma cartela de cores com as principais características do livro, as cores que podem ser usadas neste livro são o azul, preto e cinza, foi preciso também se aprofundar mais na biografia do autor e resgatar informações de extrema importância como o a cultura chilena, as vestimentas, costumes e cores.

A revelação da influência cultural do Chile vem da Espanha, na época da Colônia, se evidencia nas práticas religiosas, uso de certos instrumentos e, especialmente, nas danças. Esta é à base da música folclórica chilena. Devido à sua extensão há dificuldades de comunicação. O folclore das diferentes regiões do país possui suas próprias características.

Um dos maiores poetas chilenos e da literatura contemporânea, a obra de Neruda tem fases distintas. Ele pode ser o poeta lírico e angustiado de Vinte poemas de amor e uma canção desesperada (1924) ou pode elaborar versos de cunho político e, em alguns momentos, com características épicas, como em Canto geral (1950).

No livro Vinte poemas de amor e uma canção desesperada, Neruda canta o amor, a ausência da mulher amada, e cultua uma tristeza que chega ao desespero. Os versos são, muitas vezes, extravagantes guardam poucos pontos de contato com a realidade.

Mais tarde, na obra Residência na terra, a angústia assume proporções trágicas, e Neruda fala sobre a morte, a ruína, a desintegração do mundo.

A visão dos horrores da Guerra Civil Espanhola fará com que a preocupação social, acompanhada do engajamento político-partidário, influencie sua poesia.


Debora Zebelin, Marco Aurélio, Winnie Ohara, Mateus Park.

Prisão Perpétua

Ricardo Piglia nasceu em Adrogué, Buenos Aires em 1940. Conceituado escritor argentino publicou entre os textos de ficção: La invasión (contos, 1967), Nombre falso (contos, 1975), Respiración artificial (romance, 1980), Prisión perpetua (novelas, 1988), La ciudad ausente (romance, 1992) e Plata quemada (romance 1997). Os livros de não-ficção são Crítica y ficción (1986, com edição ampliada em 1990), Formas breves (2000), Tres propuestas para el próximo milenio (y cinco dificultades) (2001) e El último lector (2005). Compôs, em parceria com o músico Gerardo Gandini, a ópera que estreou em 1995 no Teatro Colón de Buenos Aires, La ciudad ausente, baseada em seu romance de mesmo nome. Em 1990, Alejandro Agresti dirigiu um longa metragem chamado Luba, partindo do livro Nombre falso. Em 1998, igualmente, Marcelo Piñeyro levou às telas a história de Plata quemada. Ricardo Piglia editou o Diccionario de la novela de Macedonio Fernández, de quem era muito fã, em 2000, organizou e prefaciou uma antologia de contos chamada Las fieras (1993). Cuentos con dos rostros (1992) é uma seleção de relatos e integra um projeto de difusão cultural dirigido pela Universidad Nacional Autónoma de México, sob os cuidados de Marco Antonio Campos. La Argentina en pedazos (1993) é uma compilação de ensaios introdutórios à literatura Argentina, originalmente preparados para as adaptações de textos literários da revista em quadrinhos Fierro. Cuentos Morales (1995) é uma antologia organizada por Piglia que reúne alguns de seus relatos, escritos entre 1961 e 1990.

A história de Prisão Perpetua começa a ser narrada na Argentina na década de 50, onde o autor relata as aventuras políticas de seu pai no período revolucionário nacionalista e democrático do país.

Em 1957, Ricardo Piglia e sua família mudam-se para a cidade de Mar Del Plata, um porto pesqueiro situado no centro leste do país onde tentam recomeçar a vida longe dos inimigos de Perón, que perturbam seu pai, um peronista convicto. Nada satisfeito com a mudança, Piglia começa a escrever um diário para fugir de sua realidade. Este período difícil da vida do autor é retratado no inicio do livro e serve de partida para sua iniciação ao mundo da narrativa. Mais tarde acaba conhecendo Steve Ratliff, um personagem de personalidade conturbada que serve de influencia a Piglia e o ensina a arte de narrar.

A obra de 1988 trata-se de uma novela que inclui seis contos e alguns episódios variados narrados por Pligia. Tais episódios são narrativas repletas de relatos históricos e fictícios, do gênero policial e sentimental. Pligia apresenta personagens perturbadores em uma trama que entrelaça várias histórias de crimes e loucura.

A obsessão de Ratliff por uma mulher casada que foi sua amante, e hoje está presa na Argentina, condenada pelo homicídio do marido, mostra a Piglia como sentimentos aterradores podem levar as pessoas a atos extremos, como o suicídio e o assassinato, ou até mesmo a auto-condenação a perpétua tormenta por um amor conturbado.

Piglia possuía uma grande paixão pelo ato de narrar novelas, que adquiriu com Ratliff, de quem ele ouviu muitos contos no decorrer de sua amizade, e essa é uma das características principais do livro.

No texto aparecem vários personagens de diversos contos, alguns o autor descreve dando ênfase a forma física (principalmente no caso das mulheres), mas a grande maioria é descrita de forma psicológica. As formas físicas descritas no livro são diversas, com uma preferência do autor a cabelos avermelhados, e as formas psicológicas apresentam um aspecto obscuro e inquietante.

Nessa história não existe necessariamente mocinhos e bandidos, todos são culpados do rumo de suas vidas. Até existe a rotulação de vítima e assassino (para os contos policiais), mas isso não reflete o conceito do livro.

O narrador, que no caso é o próprio autor, é o único personagem que aparece constantemente no livro, do início ao fim, os outros personagens passam de forma passageira no decorrer da história, mas isso não torna, necessariamente, Piglia o personagem principal, pois faz parte de seu papel narrar a vida dos outros e mal descrever a sua. Piglia narra histórias alheias justamente para suprir a falta de acontecimentos marcantes em sua vida.

Piglia se mostra como narrador-personagem intruso, ao relatar a vida dos outros e seu ponto de vista. Cada personagem é protagonista de sua própria vida e Piglia acaba aparecendo como coadjuvante de alguns contos, ou às vezes apenas como narrador.

O discurso de Piglia muitas vezes se mistura, às vezes é um discurso direto, e outras vezes se torna indireto, varia dependendo da necessidade do conto. A linguagem empregada no livro é rápida e de fácil compreensão, sem deixar de ser culta.

Assim como Piglia nos apresenta sua fascinação pela narrativa e a inquietante mente humana, propomos direcionar nossa pesquisa a fatores como: obsessão, loucura, assassinato, suicídio, distúrbios emocionais, sexo, álcool e comportamento autodestrutivo, demonstrando esse aspecto através de formas estranhas e agressivas, texturas que se opõem entre o liso e o áspero e cores obscuras.



Kátia Araujo, Bruna Manfré, Ingrid Santos e Greissemeire.

sábado, 20 de março de 2010

Reflexões sobre a leitura

Marcel Proust (acima) e Oskar Werner (abaixo) em cena de "Fahrenheit 451" de François Truffaut (1966) baseado na obra de Ray Bradbury .




A Leitura é a Maior das Amizades

"A amizade, a amizade que diz respeito aos indivíduos, é sem dúvida uma coisa frívola, e a leitura é uma amizade. Mas pelo menos é uma amizade sincera, e o fato de ela se dirigir a um morto, a uma pessoa ausente, confere-lhe algo de desinteressado, de quase tocante. E além disso uma amizade liberta de tudo quanto constitui a fealdade dos outros. Como não passamos todos, nós os vivos, de mortos que ainda não entraram em funções, todas essas delicadezas, todos esses cumprimentos no vestíbulo a que chamamos deferência, gratidão, dedicação e a que misturamos tantas mentiras, são estéreis e cansativas.

Além disso, — desde as primeiras relações de simpatia, de admiração, de reconhecimento, as primeiras palavras que escrevemos, tecem à nossa volta os primeiros fios de uma teia de hábitos, de uma verdadeira maneira de ser, da qual já não conseguimos desembaraçar-nos nas amizades seguintes; sem contar que durante esse tempo as palavras excessivas que pronunciamos ficam como letras de câmbio que temos que pagar, ou que pagaremos mais caro ainda toda a nossa vida com os remorsos de as termos deixado protestar.

Na leitura, a amizade é subitamente reduzida à sua primeira pureza.
Com os livros, não há amabilidade. Estes amigos, se passarmos o serão com eles, é porque realmente temos vontade disso. A eles, pelo menos, muitas vezes só os deixamos a contragosto. E quando os deixamos, não temos nenhum desse pensamentos que estragam a amizade: — Que terão eles pensado de nós? — Não tivemos falta de tato? — Teremos agradado? — nem o medo de sermos esquecidos por um deles. Todas estas agitações da amizade expiram no limiar dessa amizade pura e calma que é a leitura. Também não há deferência; só rimos com o que diz Molière na exata medida em que lhe achamos graça; quando ele nos aborrece, não temos medo de mostrar um ar aborrecido, e quando estamos decididamente fartos de estar com ele, pômo-lo no seu lugar tão bruscamente como se ele não tivesse nem gênio nem celebridade.

A atmosfera desta pura amizade é o silêncio, mais do que a palavra. Porque nós falamos para os outros, mas calamo-nos para conosco mesmos. É por isso que o silêncio não traz consigo, como a palavra, a marca dos nossos defeitos, das nossas caretas. Ele é puro, é verdadeiramente uma atmosfera.

Entre o pensamento do autor e o nosso não interpõe elementos irredutíveis refratários ao pensamento, os nossos egoísmos diferentes. A própria linguagem do livro é pura (se o livro for digno desta palavra), tornada transparente pelo pensamento do autor que dele retirou tudo quanto não fosse ele próprio até o transformar na sua imagem fiel; cada uma das frases, no fundo, semelhante às outras, dado que todas são ditas através da inflexão única de uma personalidade; daí uma espécie de continuidade, que as relações da vida e o que estas associam ao pensamento como elementos que lhe são estranhos excluem e que permite muito rapidamente seguir o próprio fio do pensamento do autor, os traços da sua fisionomia que se refletem neste espelho tranquilo. Sabemos apreciar os traços de cada um deles sem termos necessidade de que sejam admiráveis, pois é um grande prazer para o espírito distinguir essas pinturas profundas e amar com uma amizade sem egoísmo, sem frases, como dentro de nós mesmos."

Marcel Proust, in 'O Prazer da Leitura'. Lisboa: Editorial Teorema, 1997 (mudanças ortográficas e grifos meus).

quarta-feira, 17 de março de 2010

Resenhas da turma A - Manhã

Jogo da Amarelinha- Julio Cortazar

Grupo: Rafala W0hlers, Leticia Santini e Marcio Akyoshi

O Amor Natural – Carlos Drummond de Andrade



Analisando o contexto do livro, nota-se que é um texto bom e de fácil interpretação. Usa-se uma linguagem coloquial-informal, em poemas curtos, visando ter um contato mais direto com o leitor, causando interesse no mesmo. Trata-se do último livro publicado por Carlos Drummond de Andrade, tendo em data sua primeira publicação o ano de 1992, sendo a nossa a décima - sétima edição feita no ano 2009, vinte e dois anos depois de que o autor veio a falecer.
Drummond nasceu em Itabira, uma cidade do interior de Minas Gerais, onde retrata sua infância em inúmeros de seus poemas. Fez faculdade de farmácia, mas nunca chegou a exercer a profissão. Trabalhou como redator de jornais como: Minas Gerais, Diário da Tarde. E apesar de publicar dezenas de livros românticos e alegres, o poeta deixou obras inéditas: Moça deitada na grama, O amor Natural, Farewell, O avesso das coisas, Poesia Errante e Arte em Exposição, que foram publicados apenas depois de sua morte.
A obra O amor natural, publicada pela Editora Record, no ano de 2009 no Rio de Janeiro, contém quarenta poesias descritas em oitenta e oito páginas, uma cronologia de Drummond com os principais pontos de seus trabalhos e obras descritas em onze páginas, uma prévia escrita por Affonso Romano de Sant'Anna, de sete páginas, contém ilustrações de Milton Dacosta, e a capa foi desenvolvida por uma foto tirada em 1984, por L. de Brito e Silva.
É um livro romântico e ao mesmo tempo sensual, mas não chega a ser vulgar, apesar de ter uso de palavras fortes, que instigam o leitor, como: bunda, vagina, clitóris, membro, pênis, vulva, nádegas e ânus... Com certeza, foge “dos padrões” Drummond, com leitura direta, crônicas leves e suaves, e aparência tímida, “certinha” e simpática. Neste livro, Drummond aborda experiências que teve no decorrer de sua vida com as mulheres, ressaltando o prazer que sente com o corpo feminino e as vantagens de belas curvas, ilustradas por Milton: bem volumosas (as mulheres são gordinhas), em poses bem sensuais e de cabelos longos.
A proposta é a do Projeto Moda e Literatura, da FMU, sendo o tema escolhido para o ano de 2010 “Autores Latino-Americanos”, onde Drummond foi selecionado e o livro sorteado. O intuito do projeto é de, após o termino da leitura, nos inspirarmos na história do livro, e desenvolvermos uma roupa inspirada nas sensações transmitidas pelo mesmo. Além deste título, foram escolhidas outras dezenas diferentes, divididos em grupos que visam criar os melhores looks para serem apresentados na Avenida Paulista, no desfile que nomeia o fim da etapa do Projeto.
Trata-se de um trabalho interdisciplinar, e as matérias participantes são: Moda e Estilo Contemporâneo (onde a professora Miti Shitara nos auxiliará a encontrar estilistas que desenvolvam algo relacionado ao nosso look, para obtermos inspiração),

Laboratório de Costura (onde a professora Teresinha Traldi auxiliará na formação da roupa), Pesquisa e Metodologia Científica (onde o professor Rodrigo Vilalba nos auxiliará na parte escrita do projeto), Pesquisa, Criação e Estilo I (onde a professora Jô Souza, mandante do projeto, nos auxiliará na escolha do look e nos bastidores do desfile final), Desenho Técnico Digital (onde o professor A. C. Scodieiro nos auxiliará na digitalização dos croquis e textos e na formação de um anúncio com o editorial), Desenvolvimento de Produtos (onde o professor Décio Vicentin nos auxiliará na formação do look) e Laboratório de Modelagem (onde a professora Nilzeth Gusmão nos auxiliará na modelagem da roupa).
Nosso look será formado por transparências, volumes e sensualidade, valorizando o corpo feminino, não sendo vulgar (assim como a mensagem que o livro passa).
Concluindo, tentaremos transmitir as sensações que captamos no decorrer do livro: como tesão, paixão, desejo, romance, excitação etc., em uma obra claramente inspiradora, suficientemente capaz de ser divulgada no desfile final junto com os demais melhores looks.


Grupo:Amanda Wolfenberg ,Angélica Mayume, Juliana Yuri e Mariana Lobo


A Passagem Tensa dos Corpos - Carlos de Britto e Melo



1. Sinopse

A temática da obra gira em torno da morte e da linguagem como forma de registro. O narrador é indefinido, quase que inexistente, exceto pelo fato de que possui apenas a língua, e tem como função narrar às mortes que encontra nas cidades de Minas Gerais. Seu principal objetivo é usar a palavra para reunir a partir dos mortos, um corpo para si. Mas só pode haver o registro da morte quando ela é confirmada e reconhecida.
Em uma dessas situações, prestes a narrar o que seria seu último registro, o narrador se depara com um cadáver insepulto, não velado, mantido como ‘vivo’ pelos moradores da casa. Sem paciência, o narrador passa a conviver com o morto e a família, na ânsia de descobrir pistas sobre essa tenebrosa situação, e qual a sua relação com a morte, a linguagem e o ofício de narrar, assim como a passagem de seu próprio corpo.

2.Ficha Técnica

O romance foi construído evidenciando em seus 165 capítulos curtos e fragmentados, a ambigüidade e relação da linguagem com a morte.
A intenção do autor com essa estruturação foi construir um efeito visual em cada página como uma possível forma para morte - sob forma dos espaços vazios entre os parágrafos, do corte das frases, da fragmentação do texto, da ausência de nomes próprios. Quando a frase é cortada e continuada em baixo, entre espaços, não se tem muita certeza de sua continuidade, assim como a vida, a morte e a passagem dos corpos.
A narração se dá por um narrador-personagem, que além de ter a função de narrar, o faz em primeira pessoa e participa também como personagem o principal.
Os outros personagens não podem ser classificados pelo papel que representam, pois todos demonstram igual importância para o desenrolar da obra.


2.1 Biografia do Autor

Carlos de Brito e Mello nasceu em Belo Horizonte, em 1974. É mestre em comunicação social, professor universitário e integra o Coletivo Xepa, de projetos ligados às artes plásticas. Publicou O cadáver ri dos seus despojos (contos) e fez parte das coletâneas Entre duas mortes e Sombras. Foi vencedor, em 2008, do prêmio Governo de Minas Gerais de Literatura, na categoria Jovem Escritor Mineiro.
Estréia seu primeiro romance, em 2009, com A passagem Tensa dos Corpos.

3. Proposta

A leitura desta obra foi indicada pelos professores do curso de moda da UNIFMU onde os alunos participarão do projeto Moda e Literatura 2010, que tem como tema: “Cidades Latino-americanas”. Enfocará a produção de escritores latino-americanos que, em suas obras, privilegiaram a realidade urbana. O projeto visa à motivação do aluno para a construção de um repertório simbólico necessário ao experimento de criação, reunindo todo o aprendizado já adquirido ao longo do curso, e aplicando todas as referências literárias em um look criado por ele.
Como sendo um projeto trans-multi-inter disciplinar, professores e matérias darão suporte teórico e prático em suas disciplinas. A orientação principal se dará na matéria Pesquisa e Criação estilo I com a professora Jô Souza. Assim sendo, cada disciplina deverá ter como foco a contribuição ao produto final do Módulo desta maneira fica definido que:

1- DESENHO DIGITAL II
Ensinar ao aluno a representação proporcional, clara e detalhada da peça de vestuário que será executada pelo grupo. A elaboração da ficha técnica e do croqui. Até a montagem do book do projeto MODA E LITERATURA.

2-LABORATÓRIO DE COSTURA II
Acompanhamento dos processos de uma produção: corte, confecção, acabamento da roupa do grupo. Além de orientação na montagem da ficha técnica;

3-LABORATÓRIO DE MODELAGEM II
Desenvolver o diagrama de modelagem básica da peça que será executada pelo grupo. Direcionar o aluno na escolha dos tecidos, aviamentos.

4-MODA E ESTILO CONTEMPORÂNEO
Fornecer informações para o entendimento das mudanças na moda, de acordo com as necessidades e inovações ocorridas em cada momento histórico, aguçando a percepção dos alunos para entender o presente e construir o futuro, resgatando o passado.
5- PESQUISA E METODOLOGIA CIENTÍFICA
Iniciar o aluno na prática do pensar, mediante a orientação de leitura crítica e sistemática de da obra escolhida; na expressão coerente das idéias, bem como no debate dessas idéias em produções escritas e/ou orais.

6- PESQUISA, CRIÇÃO E ESTILO
Ampliar o repertório cultural do aluno, capacitando-o ao entendimento e uma visão critica sobre o objeto de estudo. Inserir o aluno em linhas metodológicas que possibilitarão seu próprio desenvolvimento de pesquisa. Estimular a criatividade e a capacidade de organização do trabalho de pesquisar. Exercitar o hábito da leitura como fonte de conhecimento e repertorio. Compreender e saber interpretar textos literários como fonte de inspiração para o desenvolvimento de um projeto de moda.

7- PESQUISA, PROJETO DE MODA II
Orientar o aluno quanto aos tecidos, re-tecidos, aviamentos e demais materiais mais adequados a representar e “traduzir” os autores, temas e obras abordados pelos alunos.

4. Descrição e Conclusão

Como se tratando de uma obra sobre o corpo, foram selecionadas uma série de passagens das quais são de grande importância como inspiração para a confecção do produto final. Os trechos que remetem a texturas, cores, sensações e cheiros à seguir foram retirados diretamente do livro, e logo a baixo há uma pequena explicação da interpretação deles, e possível aplicação das texturas e sensações no look do projeto.

“Aquilo que o constituía dentro, alcança o exterior na forma líquida. Fora dele, aos poucos, parte do homem espalha.”; Capítulo 6, página 21.
(Pode ser traduzido para o look como textura: órgãos espalhados, juntamente com sangue; e sensação de desconforto)

“As dependências da casa permanecem escuras, (...)”; Capítulo 14, página 29.
(Sentimento de desilusão, solidão, tristeza, perda)

“De tudo o que fui, restou-me apenas a língua, loquaz, grossa e comprida, projetada para fora da boca durante o sufocamento que me matou.”; Capítulo 29, página 53.
(Sensação de desconforto e pressão, textura grosseira)

“Atração das cordas, que substituem a musculatura de C. na tarefa de sustentá-lo, rompeu duas linhas de pele cinzenta na parte exposta de seu corpo.” Capítulo 33, página 60. (Aplicação direta no look de cordas grossas, e textura fragmentada, como o corpo em decomposição de C.)


“A fita vermelha desfez-se as bordas do papel queimaram-se muito, mas seu centro preservou-se minimamente, do fogo. Ali, três fragmentos de frases podem ser lidos.
E não terás receio em falar sobre o que acontecia
Tu conviverás, do modo que desejares, com a minha presença
Livra-te do sentimento inútil de piedade. Cuida de ti.” Capítulo 87, páginas 148/149.
(Possível aplicação de detalhes em vermelho no look)

“Minha mãe se aproximou de mim com as mãos enroladas nas partes do xale, e com ele eu fui sufocado.
(...) Durante o sufocamento meu corpo voltou-se a mim mesmo à procura desesperada de ar, consumindo-o onde o encontrava e esvaziando os órgãos e o sangue onde havia oxigênio. Perdi consistência e tenacidade, e minha ossada, solidez. Em mim a anatomia ficou louca, tornando-se de menino a um conjunto de carne mole e roxa. Capítulos 110/111, páginas 187/188/189.
(Textura mole, lisa; colocação do xale no look).

Grupo: Amanda de Gregório Souza, Aryane Lais e Ana Carolina


O Rocambole - David Arrigucci

O rocambole de Davi Arrigucci Jr. Conta a história de duas famílias vizinhas de Imigrantes. De um lado os Heyst de descendência européia e do outro os alegres italianos Pascali.
Os Heyst , uma família decadente, presa a lembranças , que recebem em seu abandonado casarão a ex noiva do falecido filho da matriarca Leontina.
Leontina Heyst , era uma pessoa marga que vivia se escondendo pelos cômodos escuros do casarão, que após a morte de seu filho, resolve chamar sua quase nora para passar uns tempos por lá.
Mariana a noiva que perdeu seu amado, retrata o tempo todo pelos cômodos do sombrio casarão, sua dor, sofrimento, angustio e ódio por causa daquela megera, a principal culpada pela morte do seu amor. Lourenço, que se suicidou ás vésperas do casamento por uma mentira inventada pela própria mãe, que era contra o casamento, por não achar a noiva boa o suficiente para seu filho. O medo de perder seu amor o levou a tal ato.
No casarão ainda viviam a irmã de Leontina, Helga. Uma solteirona e beata, que na juventude também foi proibida de se casar pela irmã. A única coisa que ainda lhe sobrara e que fazia muito bem , era ser uma doceira de mão cheia, onde botava toda sua sensualidade em seus maravilhosos doces e no seu incomparável rocambole de goiabada. Dona Fiammeta que o diga!
Dona Fiammeta era a vizinha italiana que morava na casa ao lado, e que apesar dos anos que vivia no Brasil, ainda se surpreendia pelos sabores locais, principalmente com os doces de Helga. Que ao saboreá-los despertava certas sensações um tanto estranhas. Desejo.
Era esposa de seu Pepe imigrante italiano e viajante, que decidiu fincar as raízes por São João da Boa Vista e agora era alfaiate. Os dois tinham que lidar com as confusões do filho Paquinha que desde pequeno não mostrava interesse por coisa alguma, a não ser caçar passarinhos no pomar dos Heyst, que ficava ao fundo do casarão e arrumar confusão por ai com os outros garotos da rua na adolescência.
Ficavam inventando histórias e bebendo por ai, até que teve a brilhante idéia de criar o teatro rocambolesco, onde em um bar da nove de julho após o expediente
as portas se baixavam e o palco era montado, onde encenavam história inventadas e copiadas do cinema na época que tanto os fascinavam. Ali se desenrolavam as caraminholas de sua cabeça.
Duas famílias completamente diferentes, uma presa em seus costumes eseu assombroso passado, sem a menor intenção de mudar e a outra querendo alegre querendo mudar o mundo segundo suas caraminholas, mas ambas com o mesmo sentimento. Desejo!
Esse desejo que fez com que Mariana fosse embora em busca de uma nova vida e o de Paquinha que não teve coragem o suficiente de demonstra lo.

Grupo : Mariane Belanda Ying


Sargento Getúlio - João Ubaldo Ribeiro

Sinopse

Sargento Getúlio é um livro que conta a história de um policial militar, homem de confiança do coronel Acrísio Antunes, encarregado de levar um prisioneiro adversário político do coronel, de Paulo Afonso sertão da Bahia até Barra dos Coqueiros litoral de Aracajú. Durante esse trajeto, acompanhado de seu motorista e amigo Amaro, Getúlio conta tudo o que acontece nessa viagem cheia de aventuras, crueldade, lealdade e valentia.

Ficha técnica

É uma narrativa na qual o protagonista da história é o narrador-personagem, e trata-se de um monólogo com algumas interrupções em forma de diálogo com outras personagens. A linguagem usada é a coloquial (caboclo-sertaneja), mas também são usadas algumas palavras da forma culta, mas com erros gramaticais.
A história se passa em uma transição de dois ambientes o sertão e o litoral no período de 1950.
A narrativa acontece através de regressões no tempo.

Proposta

A leitura do livro foi uma proposta de trabalho interdisciplinar para os alunos de moda do terceiro semestre, no qual o intuito final é a produção de um look para um desfile de moda feito pelos mesmos. A primeira parte foi o sorteio dos livros, por grupos, na aula da professora Jô Souza, a idealizadora do trabalho e também a orientadora geral do mesmo. Nas aulas de desenvolvimento de produto a orientação será voltada para área de sensações transmitida pelo livro que podem se tornar texturas, cores, formas, etc.. As aulas de metodologia de pesquisa servirão para a pesquisa mais aprofundada sobre o livro e o que ele transmite que possa nos ajudar para a produção do look. As aulas de historia da moda contemporânea auxiliarão na escolha de estilistas que se relacionem com a característica do livro como fonte de inspiração. As aulas de modelagem auxiliarão na montagem da peça traduzindo para o tecido as formas que haviam sido idealizadas e desenhadas no croqui. A aula de costura auxiliará na construção da peça. Na aula de desenho digital faremos uma pagina de revista com o look.
Descrição

Getúlio é um homem muito violento, rude, rústico e sem estudos, mas ao mesmo tempo é muito inocente, leal e corajoso. As características desse homem são a todo o momento expostas no livro por suas atitudes. Getúlio se torna um jagunço (cabo eleitoral) de um chefe político de Aracaju após ter assassinado sua mulher devido a seu ato de adultério, conseguindo assim proteção de Acrísio Antunes seu chefe. Durante esse tempo como jagunço já havia feito muitos serviços, isto é, mortes. Quando decide se aposentar, recebe sua última tarefa: prender um adversário político de Paulo Afonso, (um udenista), e levá-lo para Aracaju. Nessa travessia acompanhado do seu amigo e motorista Amaro, ele conta a história da sua vida, e da viagem atual. O plano de Getúlio e seu chefe era levar o prisioneiro do sertão para o litoral, vivo. Num velho automóvel, um hudso.
No decorrer na história já em Aracaju o chefe de Getúlio, vinha sendo pressionado pela imprensa e por autoridades superiores, para que o jagunço libertasse o prisioneiro, que resolveu desobedecer a seu chefe, alegando que era homem de uma palavra só e que não voltaria atrás, mesmo sem o apoio de seu chefe. O jogo político e as mudanças que ocorriam no país são incompreensíveis à mente rústica do sargento, que resolve levar a cabo sua missão de qualquer maneira. Neste momento, passou de caçador para caça. Após vários acontecimentos sangrentos, como a morte de um tenente que foi mandado para prender o sargento, foi morto degolado pelo mesmo. Getúlio, sempre arrastando o udenista-comunista, aproxima-se de Aracaju. Por vezes, perde a lucidez e mergulha em delírios. Chega a imaginar que tem a seu lado um magnífico exército, cujo comandante é tão valente que persegue São Jorge pelo sertão sergipano. Nas imediações de Aracaju, enfrenta uma força militar que termina por abatê-lo. Surpreendentemente, o sargento narra a sua própria morte.

Conclusão

O livro trata-se de um drama sertanista, na qual suas características pedem um look masculino rústico e agressivo em tons escuros e foscos com um ar de envelhecidos. Isso se deve as características marcantes da personagem principal, o sargento Getúlio que é um homem:

Serio
Rústico
Valente
Cruel
Leal
Ignorante
Agressivo
Rude
E de apenas uma palavra

Emoções e sensações transmitidas no livro

Ambiente: seco, empoeirado, com presença de animais, arvores retorcidas, alguns locais com mata fechada.
Cores: marrom, verde musgo, cáqui.
Texturas: ásperas, porosas.
Cheiros: água do mar, terra, suor, grama, chulé.
Sons: pássaros, sapo, tiros, motor de carro velho, silêncio.
Características da personagem principal: Sério, Rústico, Valente, Cruel, Leal, Ignorante, Agressivo, Rude, E de apenas uma palavra.

Grupo: Mariana da Silva Sá, Kemily Bannout, Natani Munhoz e Renata Zaupa


A Navalha na carne - Plínio Marcos


A obra Navalha na Carne foi criada pelo dramaturgo Plínio Marcos (29/09/1935-19/11/1999) em 1967, primeiramente em um formato de peça de teatro, mas proibida pela censura, tornou-se um livro contendo encenações fotográficas. O Autor é conhecido por retratar com bastante clareza a vida dos submundos de São Paulo, destacando a marginalidade, prostituição e homossexualismo, que são atuais até os dias de hoje.

A trama se desenvolve a partir de diálogos entre três personagens : Neusa Sueli, uma prostituta de 30 anos, Vado, seu cafetão e Veludo, um homossexual ; que interagem se ofendendo, agredindo e se questionando uns aos outros. A partir do momento em que Vado não encontra a quantia em dinheiro que Neusa Sueli sempre deixa no quarto, a história engloba o personagem Veludo, que é acusado de furtá-los. Ao longo de brigas, gritos e pancadas, o rapaz confessa que roubou para comprar drogas, e então os personagens chegam em um limite extremamente agressivo . Neusa Sueli se aborrece com Vado , que a ofende com palavras violentas, e o ameaça com uma navalha para fazer sexo com ela. Logo, o homem consegue escapar do quarto e a moça permanece sozinha comendo um sanduíche de mortadela.

O cenário consiste em um guarda-roupa velho, uma cama de casal, um criado-mudo e uma cadeira, localizados em um quarto de hotel de quinta classe. A obra expressa muito a linguagem baixa e ofensiva dos protagonistas, que discutem ao longo da trama deixando explicita a marginalidade vivida na época, relacionando com prostituição, drogas e briga pela própria sobrevivência.

Por ser uma peça de teatro, o texto é em prosa, com discurso direto, linear e com linguagem coloquial.

Com base no projeto Moda e Literatura da professora Jô Souza, a obra de Plínio Marcos se tornará uma fonte de inspiração para criação de um look do grupo de Vinicius Uehara, Natalie Soares, Aline Cristine e Rose Thomaz. O foco estará em refletir sobre os sentimentos, sensações, emoções, silhuetas e expressões absorvidas da história Navalha na Carne e fundir com o conhecimento de moda que os alunos possuem, para no final, o look produzido desfilar ao lado dos outros trabalhos feitos pelos colegas.

Com isso, o projeto adquiriu um foco baseado em um aspecto refletido pelos alunos em relação a obra, que seria o significado da navalha para a história. A partir do momento que Neusa Sueli ameaça os dois outros personagens com a arma, Vado e Veludo mudam completamente de atitude, sendo mais dóceis e arrependidos. O grupo trabalhará também com um ponto que se destaca ao longo do livro, que é o questionamento que a prostituta faz a si mesma e a Vado, “será que somos gente”? A personagem já não sabe mais sua origem e seu significado como ser – humano, assim este tema nos abriu portas para nos aprofundarmos mais na questão dos limites que as pessoas envolvidas na marginalidade se deparam.

Iremos buscar referências de texturas pesadas, sujas e escuras, com formas relacionadas a época vivida para compor o look desejado.

Concluindo, o livro Navalha na Carne é uma forte fonte de inspiração para o projeto Moda e Literatura por expressar tão bem uma determinada fatia da sociedade, que permanece com os seus determinados problemas até hoje. Por ser uma obra ligada totalmente ao urbano, se relacionará com facilidade ao estagio final do projeto, um desfile em uma grande avenida de São Paulo.

Grupo: Vinicius Uehara, Natalie Soares, Aline Crsitine e Rose Thomaz


Sobre Heróis e Tumbas -Ernesto Sabato



O livro “Sobre heróis e tumbas” narra o encontro do problemático Martín com a misteriosa Alejandra, uma figura belíssima, porém atormentada pela figura do pai ausente e pelas lembranças de sua família complexa. Os personagens vagam entre o limite da sanidade e da loucura num contexto que acontece na década de 50 em Buenos Aires.

É um romance complexo que interliga três fios narrativos: a paixão devastadora de Martín por Alejandra, a fuga do general Lavalle, herói da independência Argentina e a casta maléfica e diabólica Seita dos cegos investigada por Fernando.

Alejandra é uma mulher esquiva que se cala sempre e esconde segredos tenebrosos. Já Martín é a imagem da inocência ferida e estigmatizada por outra mulher diabólica que aposta em sua destruição, que é a própria mãe rejeitadora e promíscua.

Martím ama Alejandra, mas outras histórias além da deles, são contadas, outros focos narrativos se entrelaçam, se revezam. Fernando e Bruno contam suas histórias e a maioria dos relatos são feitos por eles.

O livro relata momentos históricos da Argentina em conjunto com relatos sobre a família de Alejandra, uma mulher sofrida e cheia de ressentimentos e mistérios que ao longo do livro vão sendo explicitados.

O ciúme, a obcessão e a loucura pairam por todos os momentos e interligam os acontecimentos.
Na narrativa sobre os Cegos o autor usa de sua riquíssima imaginação para criar um clima de horror e danação por meio de imagens sensoriais delirantes, impregnadas de rejeição ao corpo e a matéria.

Este é um romance psicológico, histórico, político, surrealista. Todos estes elementos formam uma complexidade, que abrange várias dimensões.

O autor Ernesto Sabato nasceu em 1911 na cidade de Rojas, na Argentina. Formou-se na Faculdade de Ciências Físico-Matemáticas da Universidade de La Plata, onde doutora-se em Física e leciona mais tarde.

A partir de 1941, começou a afastar-se das ciências naturais e aproximar-se da literatura, passando a dedicar-se exclusivamente ao mundo literário por volta de 1945, quando lança seu primeiro livro – Nós e o Universo.

Entre suas obras destacam-se O Túnel (1948) – livro que lhe conferiu projeção internacional, Homens e Engrenagens (1952), Heterodoxia (1953), Sobre Heróis e Tumbas (1961), O Escritor e Seus Fantasmas (1963), Abadon, o Exterminador e A Resistência (2000).

O escritor e ensaísta recebeu vários prêmios, entre eles o Prêmio Miguel de Cervantes, a mais importante premiação literária espanhola. Mas problemas de visão o afastaram da vida literária e então passou a dedicar-se às artes plásticas.

Nesta obra literária, o narrador é em terceira pessoa e o discurso é direto na maior parte do texto e indireto em alguns momentos, sendo uma narrativa fragmentada.

O período literário da obra é romance magistral e as figuras de linguagem utilizadas são metáfora e alegoria.

Sendo assim os critérios que podem ser levados em conta para o trabalho, são os sentimentos que são os pontos fortes do livro: solidão, depressão, sofrimento, angústia ,insanidade, delírios ,orgulho,ressentimentos,rejeição e obsessão. Dentre estes os que são mais relevantes da obra e que se tornaram palavras chaves para a construção do look,são a dor, a loucura, o orgulho e a rejeição.

Grupo : Lilian Mara, Larissa Antonio e Mainá Belli


AURA - Carlos Fuentes


Todos os alunos participantes do projeto Moda e Literatura 2010 escreveram resenhas sobre as obras indicadas para a realização de seus trabalhos e, entre os bons textos apresentados, o que mais se destacou pela qualidade foi a resenha da aluna Lara Bussi, sobre o romance "Aura", de Carlos Fuentes. A seguir, uma transcrição editada do trabalho de Lara:

O livro nos conta como um jovem historiador, atraído por um bom salário, chaga a uma casa antiga no velho entro da cidade. A Felipe Montero foi dada a tarefa de organizar e reescrever as memórias de um coronel francês que lutou no México. Consuleo, a viúva do coronel, quer que o trabalho seja publicado antes de sua própria morte. Aura, sua sobrinha, também mora nessa casa. Felipe fica impressionado com a beleza da sobrinha e resolve ficar na casa em troca do emprego. à medida que o tempo passa, Felipe vai se apaixonando por Aura e, na casa onde vivem, cada dia acontecem coisas mais estranhas. Este é o início de uma grande e fascinante história de amor e fantasmas, onde o sobrenatural ocupa todo o espaço. Intoxicado pela atmosfera sem ar da casa, Felipe começa a sonhar com Aura e em fugir com ela. Entre a realidade e a fantasia, Felipe vive um romance com Aura e está convencido de querer leva-la de lá. A velha parece dominar a sobrinha e, aliás, ambas agem da mesma forma. Felipe perde o sentido de realidade, entre os sonhos e a vida diurna.

Enquanto lê os escritos do General, ele faz algumas descobertas com relação à infertilidade de Consuelo, sua fantasia de ter um filho e sua obsessão com a juventude e se dá conta de que Aura é, na verdade, uma projeção da viúva de 109 anos.

Uma noite, enquanto ele a abraça, Aura se transforma na velha. Felipe assume o papel do general e nasce "Aura", que simboliza a juventude e a ilusão da vida.

O Autor de "Aura", Carlos Fuentes, nasceu no Panamá em 1928 e é ganhador do importante Prêmio Cervantes de 1987. O ramance "Aura" foi publicado em 1962 e sempre foi objeto de constante interesse acadêmico e polêmica, principalmente no México.

No romance, é possível notar uma aplicação extremamente bem coordenada para figuras de linguagem, de modo a compor um ritmo e a emprestar grande parte do prazer resultante da leitura. Como exemplos, há o paradoxo ("... rosto quase infantil de tão velho..."; p.16), a metáfora ("... olhos de mar..."; p.20) e a prosopopeia ("... olhar claro, amarelo..."; p.40).

A leitura de "Aura" e sua consequente avaliação como produto cultural fazem parte do projeto "Moda e Literatura 2010", que tem como tema "Cidades Latino-Americanas" e enfocará a produção de escritores latino-americanos que, em suas obras, privilegiaram a realidade urbana. Além disso, visa ao incremento de repertório dos alunos, condição necessária para a capacidade criadora do aluno e profissional de moda.

O contato com a obra permite a identificação de trechos associados à moda, tanto no âmbito direto, analisando as vestimentas das personagens, como indiretamente, por meio de descrições de personalidade e ambientações que poderiam se tornanr cenários de um editorial, por exemplo. Sendo assim, trata-se de uma grande fonte de ideias e inspirações, pois o autor descreve minuciosamente aquilo a que está se referindo, levando o leitor, até as últimas palavras, a acompanhar suas ideias e pensamentos.

Nosso grupo pretende desenvolver um "look" baseado na categorias categorias conceituais do velho e do novo, uma vez que Consuelo e Aura são uma só pessoa com duas dimensões: a que mostra a velhice, experiências e até limitações físicas adquiridas com o tempo; e a que mostra a jovialidade, beleza e vontade da moça.







Construções Imagéticas de Lara Bussi






Construção Imagética de Andréia Geremias




Grupo : Lara Bussi, Quesia Araujo e Andréia Geremias



Cartas de um sedutor- Hilda Hilst


















O livro de Hilda Hilst, “Cartas de um sedutor”, traz a vida de Eulália e Stamatius, que é cheia de sonhos não realizados e prazeres proibidos, revela a infância e a juventude de Karl e Cordélia, quando o desejo de ambos fica bem explicito, mas ao mesmo tempo faz com esses personagens fiquem sem história definida. É uma trama que envolve e prende o leitor, fazendo com que as sensações transmitidas por ela sejam absorvidas e interpretadas de diversas maneiras, é um romance cheio de questões vivas e a pornografia é tratada de uma forma atrativa e obscena.
O mesmo tem como personagens principais Karl, Cordélia e Stamatius e como secundários Eulália, Pai, Mãe, Albert e Iohanis. Foi escrito em 1ª pessoa, em forma de prosa e emula o romance epistolar libertino do século XVIII. As figuras de linguagem mais utilizadas pela autora são a amplificação e a metáfora. A trama do livro se passa no fim do século XX.
Cartas de um sedutor foi lido para que servisse de inspiração na criação e confecção de um look, sendo que o grupo composto de três ou quatro alunos deve apresentar seis croquis cada aluno, e a roupa deve transmitir informações e sentimentos do livro. Neste trabalho todas as disciplinas do curso estão presentes sendo: Pesquisa, criação e estilo, tendo como orientadora Jô Sousa, as demais - modelagem, costura, desenho de moda, tecnologia têxtil, moda e estilo, pesquisa e metodologia cientifica, custos, desenho digital e desenvolvimento de produto - auxiliam na criação da mesma. Há um regulamento onde a cartela de cores do look, se resume em tons de preto, branco, cinza e vermelho. O look poderá ser feminino, masculino, infantil ou andrógeno, porém isso dependerá da obra. Além de expressar sensações do livro o aluno deve buscar imagens que o inspirem em caimentos, texturas, épocas, materiais, personalidade e estilistas para ajudar no desenvolvimento do look.
Desta obra serão utilizados os seguintes elementos: sedução, paixão e romance contemporâneo, os mesmos serão representados em renda, transparência e pérolas. Não apresentar o look de uma forma vulgar e sim valorizar revelar/ocultar, pois o corpo é muito citado na obra e é um ponto forte a ser transmitido. Não utilizar o erotismo e o grotesco (pornografia) que o livro apresenta. Portanto, o livro “Cartas de um sedutor” descreve principalmente a vivência de um ser humano chamado Karl, um homem culto, com muito dinheiro, sem senso de moral e que busca explicação da sua incompreensão da vida através do sexo. Sendo assim o mesmo transmite do vulgar ao prazer, mostrando a indiferença e o individualismo desse personagem. Partindo desse ponto o look a ser produzido será expresso principalmente através da sensualidade e da paixão proibida, sendo o item que mais chama atenção na obra, trazer sempre o corpo como principal elemento e o valorizar de uma maneira sensual e prazerosa. Esses elementos serão bem representados no look com tecidos diferenciados, cores, volumes e formas que melhor o definam, para obter o final esperado.


Grupo: Vanessa Martins, Priscila Almeida e Marcela Volkland



Terra do fogo -



Grupo: Bruno D'ugo